"O ato da conquista de um grande sonho reflete o sucesso nas lutas diárias para alcançá-lo." - Kléber Novartes

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

UNIVERSALIDADE vs ESPECIFICIDADE

Na passada semana durante um treino, o meu atleta André (Bambino) que anda às voltas para escolher o tema para a sua monografia da Faculdade, fez-me uma questão muito interessante e que me fez pensar até agora:
Se o treinador deve orientar os atletas para a universalidade ou para a especificidade?

Pois bem, debrucei-me sobre o assunto e o que penso é o seguinte:

Sobre a UNIVERSALIDADE:

Creio que uma grande parte da evolução do Futsal nos últimos anos por todo o mundo, baseia-se, até mais que pelos sistemas tácticos, na UNIVERSALIDADE dos atletas, pois o facto os atletas conseguirem fazer qualquer posição na quadra faz com que exista um maior equilíbrio nos jogos e consequentemente uma maior evolução da modalidade. Exemplo disso foi o último Mundial onde se verificou que as equipas de segundo plano têm conseguido encurtar a distância qualitativa que ainda as separa das melhores formações, em grande parte devido à UNIVERSALIDADE táctica dos jogadores.

No entanto, acho que esta a evolução tem tido um pouco mais de relevância sobre o ponto de vista da organização defensiva do que ofensiva, pois se verificarmos, a grande evolução dos sistemas defensivos dos ultimos anos deve-se, em grande parte, a UNIVERSALIDADE táctica dos atletas, que, independentemente da zona da quadra onde se encontram, sabem (ou devem saber) quais são os principios defensivos da posição de fixo, pivot, ala (ou se quiserem, da 1ª, 2ª, 3ª, ... linha defensiva) definidos pelo modelo de jogo e que são comuns para toda a equipa.
Do ponto de vista ofensivo, a UNIVERSALIDADE dos atletas também tem evoluído bastante, principalmente em Portugal, onde nos últimos anos utizou-se o 4.0 como o sistema ofensivo preferencial, levando assim ao abandono da ESPECIFICIDADE posicional (Fixo, Ala e Pivot) em virtude da mobilidade que este sistema impunha, onde não existem posições especificas mas sim movimentos ofensivos padronizados.

Sobre a ESPECIFICIDADE:

Apesar de tudo o que foi dito acima, há algo que nunca podemos esquecer... as características do atleta, pois quer queiramos ou não, existirão sempre atletas com mais propensão atacante e outros defensiva... Além disso, por vezes ao tentar "universalizar" o atleta mediante o modelo de jogo, poderemos estar a "castrar" algumas das suas características mais importantes (Ofensivas e/ou Defensivas) que fazem do atleta uma mais-valia para a equipa. Por isso também acho que é muito importante trabalhar a ESPECIFICIDADE posicional, indicando e reforçando as características, principios, etc de cada uma das posições na quadra.
Um exemplo disso é o problema da falta de pivots portugueses, exactamente porque nos últimos anos em Portugal definiu-se o 4.0 como o "supra sumo" dos sistemas ofensivos (algo que felizmente agora já está a acabar), descurando todos os outros, nomeadamente os que utilizam pivots, levando a que a geração de atletas que chegou ou está a chegar agora a idade de sénior, durante a sua formação, jamais tenham jogado num sistema que utilizasse pivot…

Resumindo, na minha óptica o que devemos então fazer é encontrar o equilíbrio entre a UNIVERSALIDADE e a ESPECIFICIDADE, levando a que todos os atletas saibam interpretar minimamente os principios de cada posição na quadra, defensivos e ofensivos, e trabalhando para que os atletas que têm mais propensão atacante aprendam a defender melhor e vice-versa, mas sem NUNCA esquecer as características ESPECÍFICAS de cada atleta...

Pensem nisto e comentem.

Abraço

Pedro Silva

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