"O ato da conquista de um grande sonho reflete o sucesso nas lutas diárias para alcançá-lo." - Kléber Novartes

domingo, 21 de dezembro de 2008

Simplicidade

À medida que vou evoluindo como treinador sinto que tudo aquilo que defendia, aplicava e ensinava até há bem pouco tempo, está agora errado… Até mesmo os primeiros artigos que comecei aqui a escrever há cerca de ano e meio, existem agora coisas que já não defendo ou aplico.

Creio que isto seja sinónimo de evolução, pois é esta constante mutação de pensamentos que nos faz crescer e evoluir e assim tornamo-nos melhores e mais competentes de dia para dia…
Mas o mais antagónico, e que há medida que vou adquirindo mais conhecimentos e percebendo melhor o jogo, vou-me tornando cada vez mais adepto das coisas simples…

Ora bem, se procurarmos na wikipédia a palavra Simplicidade, aparece-nos a seguinte descrição: “Simplicidade ou frugalidade é a ausência de artifícios, extravagâncias e excessos de ordem material, social ou psicológica. ”

Analisando esta frase, percebo então o porquê, pois quanto mais conhecimentos adquiro, mais percepção vou tendo do que é essencial, objectivo e específico, eliminando o que é fútil e excessivo, porque quanto mais simples forem os processos, mais fácil se torna para os atletas perceberem e assim interpretarem correctamente na quadra o que lhes é pedido.
Exemplo, os lances estratégicos (cantos, lançamentos, livres e saídas de pressão), quando antes tinha 3/4 situações para cada um destes lances, agora tenho apenas uma situação (posicional), mas com várias variantes, sendo estas decididas pelos os atletas no próprio momento, tendo como objectivo escolher a melhor opção, pois se analisarmos bem, além de ser difícil para um atleta lembrar-se durante o jogo de 3 ou 4 situações para cada canto, lançamento, livre e saída de pressão (que dá no mínimo 12 situações, fora as variantes), ainda é mais difícil a coordenação para todos se lembrarem ao mesmo tempo…

E como sou absolutamente contra a mecanização, por isso não gosto (nem entendo) as jogadas estudadas durante a construção do jogo ofensivo, pois entendo que isso é eliminar a criatividade e a capacidade de decisão do atleta, pois as situações são diferentes e mutáveis de momento para momento, e NINGUÉM consegue prever totalmente uma situação antes de ela acontecer, certo?

Resumindo, além de ser mais difícil, mais complicado e demorar muito mais tempo a treinar este tipo de modelo de jogo, pois é preciso muita concentração e coordenação colectiva, acho que o espectáculo fica prejudicado, pois as equipas que jogam baseadas neste tipo de princípios de jogo, acabam por ser muito "mecânicas", "robotizadas", previsíveis e nada espectaculares...

Por isso, hoje baseio o meu treino (e logicamente o jogo) na tomada de decisão dos atletas, sem nunca esquecer obviamente os princípios definidos no nosso modelo de jogo, mas levando sempre a que o atleta escolha a melhor opção em cada momento, alicerçada na objectividade e criatividade, mas principalmente na simplicidade… pois quanto mais simples for a acção, mais probabilidade de sucesso terá…

Pensem nisto…

Abraço.
Pedro Silva

1 comentário:

Anónimo disse...

Actualmente exerço o cargo de dirigente desportivo por sinal futsal feminino, tendo já no meu curriculum varias modalidades que passaram pelas minhas mãos. Esta noticia deixada pelo Pedro na minha opinião está totalmente correcta sou da mesma opinião. Todo o treinador tem o seu mérito mas à que deixar mostrar as qualidades do atleta.
Pedro Um bom ano de 2009 cheio de sucessos.