"O ato da conquista de um grande sonho reflete o sucesso nas lutas diárias para alcançá-lo." - Kléber Novartes

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Artigo para o Magia de Futsal Feminino - Futsal Feminino! Sem formação, não há futuro!

A pedido da administradora do site Magia do Futsal Feminino, efectuei um artigo sobre a formação no Futsal Feminino em Portugal, o panorama actual, os problemas e algumas soluções... Vejam o artigo na íntegra e comentem.



Futsal Feminino! Sem formação, não há futuro!

Já algumas vezes demonstrei publicamente a minha preocupação sobre a formação (ou antes, a falta dela) no futsal feminino, e como isso poderá comprometer o futuro da modalidade, daí que, gostaria desta forma fazer um alerta de consciência para este problema real e actual.

Neste momento, em Portugal, as equipas de formação diminuem de ano para ano e a maioria das associações não têm campeonatos de juniores femininos, à excepção da AF Lisboa, AF Algarve, AF Porto/AF Aveiro (inter-distrital) e AF Braga/AF Viana do Castelo (inter-distrital), ou seja, em 16 Associações que têm campeonatos seniores femininos, apenas 6 têm o escalão de juniores, sendo que e 4 delas têm que fazer um campeonato conjunto por não terem equipas suficientes, o que é realmente muito preocupante.

Falando em número de equipas, então ainda mais preocupante se torna, pois só a AF Lisboa (que é uma ilha neste panorama) tem mais equipas que as restantes associações juntas, visto que tem 19 equipas divididas em 2 campeonatos (12 no campeonato de Juniores e 7 no campeonato de Juvenis), enquanto que as restantes associações têm juntas 17 equipas (AF Algarve - 5 equipas; Campeonato inter-distrital AF Porto/AF Aveiro - 8 equipas e Campeonato inter-distrital AF Braga/AF Viana - 4 equipas). Números insuficientes para que a continuidade da modalidade no feminino augure um futuro pujante e promissor.

Além da questão do número reduzido de equipas e atletas, juntam-se mais dois factores preocupantes, o primeiro passa pela falta de treinadores competentes e formadores, pois apesar de se sentir uma melhoria e de já haver bons treinadores de formação nos escalões femininos mais jovens, creio que a maioria dos treinadores deste escalão são débeis (muitos deles só estão de passagem ou caíram ali quase de para-quedas) e agarram-se SÓ à questão de vencer a qualquer preço, atropelando assim a verdadeira formação e encaminhando as atletas para um caminho que não é o mais certo para o futuro. O segundo problema já é antigo e estrutural, que é a disparidade da diferença de idades no campeonato Júnior em que atletas de 13 anos competem com atletas de 17/18 anos, queimando etapas de crescimento e evolução, além da diferença abismal do ponto de vista físico e mental (volto a referir que a AF Lisboa é uma ilha no panorama nacional), mas neste momento este até é o problema menor, pois se actualmente não existem atletas suficientes para se fazerem campeonatos juniores, então campeonatos juvenis é uma verdadeira utopia...

Então que podemos fazer para contornar esta situação? 

Obviamente que o primeiro passo é da responsabilidade dos clubes e dos seus dirigentes, e terão que ser estes os primeiros a consciencializar-se do problema e tentarem arranjar uma solução urgente, criando o respectivo escalão e depois procurarem as atletas e treinadores (competentes, de preferência), mas, mediante a situação económica actual, compreendo que seja difícil criarem mais um escalão porque é muito caro e ocupa bastante mais tempo, além de que, a maioria dos sócios dos clubes, vê o escalão de Juniores femininos como perda de tempo e desperdício de dinheiro, o que muitas vezes limita a acção dos dirigentes.

Por isso é que, na minha opinião, devem ser as Associações e a FPF a criarem condições para impulsionar e fomentar a prática das jovens atletas na modalidade, incentivando os clubes a terem formação no futsal feminino.

Como? 

Deixo aqui algumas medidas que julgo serem exequíveis:

Associações Distritais: 

  • Diminuir o custo das inscrições de atletas com idade júnior no mínimo em 50%. 
  • Obrigar a que os clubes da 1ª divisão tenham equipas de formação, tal como acontece nos masculinos. 
  •  Eventos de promoção do futsal feminino nas escolas e associações. 

Clubes: 

  • "Scouting" das atletas através do Desporto Escolar - Criar protocolos entre clubes e escolas da mesma zona. 
  • Criar academias e/ou escolas de futsal. 
  • Eventos de promoção do futsal feminino nas escolas e nos clubes. 

FPF: 

  • Obrigar a que os clubes no campeonato nacional tenham equipas de formação nos respectivos campeonatos distritais, tal como acontece nos masculinos. 
  • Criar mais competições, como a Taça Nacional Júnior (infelizmente este ano nem o Inter-Clubes vai existir), Competições Inter-distritais Sub-15 e Sub-19. 
  • Eventos de promoção do futsal feminino nas escolas, associações e federação. 

Bastava algumas Associações, alguns Clubes e a FPF, tomarem algumas destas medidas aqui propostas e seguramente que a formação no futsal feminino cresceria exponencialmente num curto prazo, pois, meus amigos, sem formação, não há futuro

Pensem nisto... 
Obrigado 

Pedro Silva

Para ver o artigo directamente no site do MAGIA DE FUTSAL FEMININO clique AQUI


3 comentários:

Anónimo disse...

Deixe-me adicionar informação a este post. A AF Setúbal também tem campeonato de Juniores (9 equipas, salvo erro). Por mais que esta Associação seja ignorada, ela tem campeonato de juniores e tem equipas no concelho com formação de traquinas, benjamins e juvenis.

Coach disse...

Confesso que não sabia que a AF Setúbal tinha campeonato de Juniores e pelo facto fico muito contente e ainda para mais um campeonato com 9 equipas, o que é realmente uma gota no Oceano, no entanto, a nível global continua a ser manifestamente pouco, pois em 16 Associações, apenas 7 têm campeonatos Juniores e 4 delas em conjunto... Abraço

Anónimo disse...

AFLeiria tem campeonato com 8 equipas, AF Angra Heroísmo com 6 e AF Ponta Delgada com 3...juntando AFBraga/AFViana, AFLisboa, AFSetúbal, AFPorto/Aveiro e AFAlgarve temos um total de 56 equipas juniores femininas.